segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Montevideo: sem palavras, leia o post, melhor, vá logo conhecer!

Vista do fim de tarde na Escollera Sarandi (moles) na belíssima Ciudad Vieja (Cidade Velha), o centro histórico de Montevideo. Depois de se apaixonarem por Buenos Aires os alunos não acreditavam que poderia ser melhor, mas foi. Montevideo é como Copenhagen, só que nas margens do Rio da Plata, é uma cidade que se vai descobrindo aos poucos seus encantos, como num bar - restaurante - inferninho bem no coração da Ciudad Vieja, o La Commedia, onde, entre muitas media-y-media, nasceu o Confusión Lounge.
É difícil acreditar que depois de São Paulo, Amsterdam, Tóquio, Copenhagem e Buenos Aires ainda ia ter chance para Montevideo, pois bem, era o que os alunos acreditavam depois de saírem de Buenos Aires, nada poderia ser melhor. Mas foi. A razão é simples, Montevideo tem aquele ar denso de cultura onde sentar ao café com os amigos e levar horas conversando é mais importante que um ter fazer hora extra no trabalho. Também é mais parecida com a gente... eles são gauchos de fato, como nosotros.
O prédio da ANTEL visto do acesso Sudeste por baixo de pérgolas que fazem o primeiro intervalo da rua para a área aberta, uma praça, que recepciona quem chega.
Foram muitos passeios, sendo que a visita a Faculdade de Arquitetura foi marcante para os alunos, pois considero-a a melhor escola da América Latina (percebam que se um país de 3 milhões de habitantes produz mais arquitetos de renome internacional que o Brasil e seus 200 milhões deve ter alguma razão) e todos puderam aprender muito nas visitas aos tallieres. A noite também foi muito divertida, pois o La Commedia, um bar-restaurante-inferninho na Ciudad Vieja acabou sendo escolhido como ponto obrigatória antes da turma seguir para se "acabar" (depois da janta e de uma boa conversa eu voltava pro hotel, vamos deixar isso bem claro) e foi no meio de um desses jantares que o Confusión nasceu. Numa confusão tentando juntar todos os cursos do C8 no lounge, (aquele do post de Buenos Aires) a Raquel e a Roberta falaram o nome de outro bar que viram - confusión - confusão + fusão... Confusión Lounge, era perfeito. Faltava pensar num evento, um show, e então as luzes sobre Vivian León brilharam... tudo fechou. Foi muito legal, saudades daquela turma: Monica, Márcio, Vivian, Juliano, Fernanda, Marcelo, Raquel, Roberta, Gini, enfim, todo pessoal que foi.

O momento de maior impacto e emoção de toda a viagem, a visita ao Memorial en Recordación de los Detenidos Desaparecidos, um monumento aos presos políticos desaparecidos no período da ditatura no Uruguai. Uma das mais belos obras que já vi erigida para lembrar daqueles que se sumiram vítimas do regime autoritário e desumano. Ele foi fruto de um concurso público vencido pelos Arqts. Martha Kohen y Ruben Oter, inaugurado em 2001.
Numa tarde levei-os para um passeio inesquecível. Como a maioria dos alunos tinha menos de 30 anos, poucos sequer sabiam de tudo que havia acontecido na América do Sul nos chamados anos de chumbo, assim, fomos ao Memorial em Recordación de los Detenidos Desaparecidos, que também é um lindo monumento. Chegando lá conversei por horas com eles, contei-lhes a história de autoritarismo e desreipeito aos direitos humanos que Brasil, Chile, Argentina e Uruguai viveram nas décadas de 60 até 80. Aqui não vou alongar, mas pelos rostos emocionados dos alunos olhando o belo monumento de vidro, com o nome de centenas de pessoas que seus familiares ainda lutam para descobrir o que lhes aconteceu, posso garantir-lhes que é muito importante ir conhecê-lo.

O memorial é uma obra prima conceitual. Sobre o solo descoberto afloram as pedras que são como a cicatriz ainda aberta de toda uma nação, onde, um corredor com paredes espessas de vidro em ambos lados lê-se os nomes de mais de uma centena de pessoas que simplesmente desapareceram durante o regime. Os nomes podem ser lidos através do vidro como que flutuando sem destino. O que mais dói é pensar que até hoje seus pais, filhos, familiares, amigos não sabem o que lhes aconteceu... provavelmente, pior dor que perder quem se ama é ser privado de seu luto. 
No Uruguai estima-se que além dos 142 desaparecidos, mais uma centena perderam sua vida e que 20% de toda população foi presa em algum momento. O mais assustador: acredita-se que 10% da população do país foi torturada. São números impressionantes que fazem refletir sobre a como chegamos a isso... e serve como uma lembrança de sempre cuidar da nossa democracia, pois devemos a ela nosso direito de falar, pensar, e não ser preso, torturado e morto por isso.
Noutro monumento lindíssimo (bem ao fundo) que fica nas Ramblas de Montevideo em memória das vitimas do Holocausto, vemos as meninas Giana, Bruna Reis, Ana Carolina e Bruna Andreazza. Na época eram minhas alunas em Expressão e Representação I, do 1º semestre, hoje em dia já são arquitetas...
Depois de sair do Memorial dos Detenidos Desaparecidos um grande passeio pelas Ramblas, que são os belos passeios por toda orla e lá mais um monumento de impacto, porém em memória das vítimas de outra atrocidade: o Holocausto. Teve também a visita ao centro histórico, o Liceu, Punta Carreras, mas aí vai ter que votar em Montevideo para saber.

Uma última parada no Balneário Atlantida, do lado de Montevideo, para ver a magnífica Igreja do Cristo Obrero, do grande arquiteto uruguaio Eládio Diestes. Toda em cerâmica, a forma estrutura a edificação sem a necessidade de concreto armada, vencendo os vãos apenas com tijolos.

Bem, de Montevideo era isso aí... agora vamos para Paris, a Cidade Luz!


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