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Fonte: http://antfootsteps.blogspot.com/2009_03_01_archive.html |
Retomando coisas que os alunos gostavam no blog, vou nos próximos fins de semana contar um pouco de livros que são referências, começando pelo clássico de Ítalo Calvino, As Cidades Invisíveis...
Seria um desperdício de tempo tentar descrever esse livro para vocês... Calvino nos presenteia com uma viagem fantástica por suas cidades de almas tão humanas, que, às vezes, assusta pelo beleza poética com ele nos faz refletir sobre tudo a nossa volta. Assim, ao seguir a jornada com o seu Marco Polo, na verdade não descobrimos as vastas terras do imperador Kublai Khan, mas sim, descobrimos os desertos e oásis que moram dentro de nossos corações e com os quais contruímos nossas cidades.
Hoje vamos conhecer uma delas, que deveria ensinar muito a nós arquitetos que muitas vezes queremos que nossos projetos sejam mais importantes do que realmente são...
Quando se chega a Tecla, pouco se vê da cidade, escondida atrás dos tapumes, das defesas de pano, dos andaimes, das armaduras metálicas, das pontes de madeira suspensas por cabos ou apoiadas em cavaletes, das escadas de corda, dos fardos de juta. À pergunta: por que a construção de Tecla prolonga-se por tanto tempo?, os habitantes, sem deixar de içar baldes, de baixar cabos de ferro, de mover longos pincéis para cima e para baixo, respondem:
- Para que não comece destruição. - E, questionados se temem que após retirada dos andaimes a cidade comece a desmoronar e a despedaçar, acresentam rapidamente, sussurando: - Não só a cidade.
Se insatisfeito com as respostas, alguém espia através dos cercados, vê guindastes que erguem outros guindastes, armações que revestem outras armações, traves que escoram outras traves.
- Qual o sentido de tanta construção? - pergunta. - Qual é o objetivo de uma cidade em construção senão uma cidade? Onde está o plano que vocês seguem, o projeto?
- Mostraremos assim que terminar a jornada de trabalho; agora não podemso ser interronpidos - respondem.
O trabalho cessa ao pôr-do-sol. A noite cai sobre os canteiros de obras. É uma noite estrelada.
- Eis o projeto - dizem.
Calvino, Ítalo. As Cidades Invisíveis. Tradução Diogo Mainardi. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. A primeira edição é de 1972...
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